INTELIGÊNCIA RELACIONAL

O que a neurociência fala sobre amizade

Por: Ana Artigas

Há mais de dois mil anos, Platão já dizia que "similaridade gera amizade". 

Muitos cientistas já mostraram que escolhemos os amigos que geralmente têm características comum conosco, como idade próxima, um jeitão parecido, aparência, etnia, nível educacional, ou alguns padrões parecidos, como gostar das mesmas coisas.

No meu livro, Inteligência Relacional, no capítulo sobre atração eu listo 12 MOTIVOS pelos quais nos identificamos com as pessoas, existem muitas razões, mas uma das mais significativas é quando consciente ou inconscientemente, identificamos algo na outra pessoa que nos parece familiar, ou mesmo quando a pessoa lembra alguém que gostamos. Parece que imediatamente ficamos confortáveis. Por isso muitas vezes temos amigos, inclusive, com características físicas parecidas com as nossas. 

E essa tendência de fazer amizade com pessoas parecidas conosco foi observada em várias comunidades no mundo inteiro. 

Além disso, segundo um estudo recente publicado, na National Academy of Sciences, apontam que uma forte amizade também pode ser encontrada no DNA humano. Que semelhanças entre amigos podem ser observadas no plano genético. 

Pesquisadores das universidades Stanford, Duke e de Wisconsin realizaram uma série de comparações genéticas com 5.500 pessoas e descobriram que pares de amigos tinham nitidamente mais semelhanças genéticas do que aqueles que não eram amigos.

Mas o mais incrível é que os estudos comprovam que os cérebros entre amigos também são parecidos.

Amigos próximos não apresentam apenas similaridades genéticas, mas também reagem de forma notavelmente parecida na forma como pensam. O padrão de pensamento é semelhante.

“Um estudo de neurociência publicado na revista Nature Communications examinou a atividade neural de 42 pessoas que assistiram a vídeos curtos e descobriu que, quanto mais próximos os amigos, mais parecidas são as respostas neurais das pessoas.”

Os estudiosos repararam que pessoas com relações sociais próximas tendiam a ficar animadas, enfurecidas, entediadas, envolvidas e excitadas nos mesmos momentos do vídeo.

Isso tudo, sem deixar de monitorar os fatores que poderiam aumentar respostas parecidas, como idade, gênero, nacionalidade ou etnia.

A congruência nos padrões de resposta foi tão forte que os pesquisadores descobriram que poderiam prever o grau da relação entre duas pessoas apenas analisando como seus cérebros reagiam durante os vídeos. 

"O resultado foi surpreendente!”

"E esse resultado, junto com outros similares, sugere que as redes de relações sociais são tão fundamentais para a sobrevivência do ser humano que o nosso processo evolutivo está realmente linkado a isso. 

É fundamental para nós, seres humanos, fazermos conexões, nos sentirmos pertencentes a um grupo, ou seja, estarmos com a nossa própria 'tribo'. 

A sabedoria popular também nos diz que... "amigos são a família que escolhemos", e os estudos recentes indicam que o ditado pode ter mais profundidade do que se imaginava.

Além disso já é comprovado que estar perto de pessoas que nos parecem legais estimula a liberação de neurotransmissores que trazem prazer e bem-estar.

Os Neurotransmissores são substâncias produzidas pelos neurônios (células do nosso cérebro) responsáveis por garantir o funcionamento perfeito do organismo.  Esses mensageiros modulam as nossas reações corporais, o nosso humor, o bem-estar, a nossa disposição, e a nossa felicidade.

Por exemplo a Dopamina é produzida pelo nosso organismo quando vivemos situações que trazem recompensa, pode ser um chocolate, a compra de algo que você queria, vencer uma aposta ou faz qualquer coisa que traga prazer. Enfim, a dopamina gera felicidade, bem-estar e motivação. 

Já a Oxitocina, que é apelidada popularmente como o “hormônio do amor”, é liberada quando estamos na presença do parceiro ou de pessoas que gostamos. É responsável pelo estabelecimento de vínculos e laços sociais.

A questão mais importante da junção relacionamento & neurociência, é a forma como o nosso cérebro e o nosso organismo se comporta quando estamos com as pessoas.

Nos estudos feitos com ressonância magnética, descobriu-se que a mesma região do cérebro “acende” quando é estimulada, independente da dor ser física ou emocional. 

Ou seja, relacionamentos bons nos deixam mais felizes e os ruis e conflitos nos deixam doentes e nos fazem sofrer, causando o mesmo impacto no cérebro que a dor física. 

O fato de nos “linkarmos” as pessoas e de fazemos trocas saudáveis com elas, aumenta imensamente a nossa sobrevida. Segundo pesquisa publicada nas Revistas Internacionais de Psicologia, o isolamento social aumenta em 29% social a chance de mortalidade precoce. (http://pps.sagepub.com/content/10/2/227.short)

Por outro lado, quando estamos em momentos de maior vulnerabilidade ou fragilidade, quando necessitamos de compreensão é que as mais valiosas relações de amizade se constroem e se fortalecem.

Gosto muito da descrição do escritor Irlandês John John O'Donohue que diz:  “amizade verdadeira é a que melhor reflete a tua alma”. Quando você se sente compreendido, você está em casa. A compreensão nutre o sentimento de pertencimento.

Então, quando temos amigos nos sentimos “pertencentes”. 

 “O verdadeiro amigo é aquele que sabe tudo sobre você e mesmo assim TE ADORA.”

Ou seja, uma amizade verdadeira é aquela onde o outro te enxerga como você realmente é e gosta de você justamente por isso, ele simplesmente te compreende. Amigo é isso, é alguém que faz você se sentir bem. 

E para FINALIZAR vale falarmos sobre o amor de amigo.

“Amor de amigo, é o que desamassa a gente por dentro.

Então curta as pessoas, de o seu melhor a elas e elas te devolverão com o que existe de melhor nelas. Me acompanhe nas redes sociais, você pode me encontrar como Ana Artigas em quase todos os canais e no Instagram como inteligênciarelacional_oficial. Ah, também pode acompanhar o PODCAST PAPO RELACIONAL, no Spotify e outras mídias. :-)

Abraço quentinho e uma ótima semana para você.

Leia Também