Inteligência Relacional e o avanço tecnológico
Por: Ana Artigas
Perderemos espaço para as máquinas? Você sabia que os neurônios humanos darão espaço aos neurônios digitais?
A inteligência relacional é uma habilidade que possuímos para a construção e a manutenção de relacionamentos saudáveis, que levem à conquista de relações verdadeiras e mais humanas. E estamos caminhando para aprimorá-la.
Mas e quando tivermos que nos relacionar com as máquinas?
A neurociência e a neuropsicologia já conseguem provar, através de descobertas recentes, que o ser humano foi programado para se conectar. Somos inexoravelmente atraídos para uma íntima ligação cérebro/cérebro sempre que nos sintonizamos com outra pessoa. Podemos avaliar um relacionamento em termos do impacto de uma pessoa sobre nós e do nosso impacto sobre ela.
Por isso, com o avanço da ciência, da tecnologia, da medicina e dos exames de alta complexidade e equipamentos que ainda devem surgir no decorrer dos anos, será possível avaliar cada vez melhor como podemos tornar nossos relacionamentos mais inteligentes. As relações e o crescimento pessoal só têm a ganhar na medida em que nos tornarmos inteligentes relacionais. (trecho do livro: Inteligência Relacional, Artigas, 2017).
Contudo, na mesma velocidade que o avanço tecnológico ajuda e a inteligência artificial não para de criar máquinas cada vez mais inteligentes, em pouco tempo, vão superar as habilidades de pensar e agir dos seres humanos e elas não estarão mais dentro de um “corpo físico”, ou seja, os neurônios humanos darão espaço aos neurônios digitais.
A questão é, nós, seres humanos estamos perdendo a capacidade de realizarmos ações lógicas, deixando essa função para as máquinas. Note que ao entrarmos, na maioria dos sites hoje, logo aparece um “avatar virtual”, aquele bonequinho com um nome simpático, que surge rapidamente e nos pergunta: “olá, como posso ajudar?”
E logo você começa a conversar com a máquina. Quase um "happy hour" virtual. :-)
Cresce, com isso, a urgência de apostarmos cada vez mais no desenvolvimento das soft skills (habilidades comportamentais), que são, aliás, as únicas habilidades que de fato nos diferenciam das máquinas e que consequentemente farão diferença positiva em um futuro próximo e promissor.
Sem dúvida cada vez mais as máquinas aprenderão as habilidades que exigem respostas rápidas, racionais e que podem ser programadas. Inevitavelmente já estamos disputando espaço com a inteligência artificial. E por isso, é bem provável que a humanização seja um dos únicos caminhos saudáveis para mantermos o equilíbrio da civilização.
Há muitas capacidades que recentemente vem ganhando espaço nas discussões, principalmente à gestão das emoções e às relações sociais, que podem trazer muito sucesso para a vida das pessoas.
Vale entendermos então o conceito da inteligência relacional, que nada mais é que “a inteligência que nos conecta ao mundo através das pessoas. É a habilidade de nos relacionarmos de forma positiva, entendendo nossas necessidades e respeitando a dos outros, estabelecendo, assim, uma conexão que traga cooperação mútua e mais equilíbrio para as relações interpessoais.”
Em função da correria do mundo VUCA (volátil, incerto, complexo e ambíguo), cada vez mais deixamos de lado a compreensão, o amor e a gratidão. Tornou-se secundário respeitar a individualidade das pessoas. O amor e a compaixão foram perdendo força, mesmo sendo as mais poderosas ferramentas humanas.
A humanidade precisa rever seus conceitos e valores, porque as relações só são positivas na medida em que apresentem uma preocupação genuína com o outro.
Neste momento do tal "novo normal", faço um convite para você. Que tal se hoje mesmo você fizer uma ação para mostrar seu lado mais humano? Pode ser escrevendo um artigo como esse para conscientizar, ou mandando uma mensagem para alguém que gosta muito e que não encontra a bastante tempo, ou coloque a sua criatividade em prática e mostre um pouco mais de calor humano, do seu modo, afinal, todos temos isso dentro de nós.
Abraço quentinho e até a próxima. :-)
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